A nudez das horas

 


            Foto por J.Pollock                         google por  

                                      Selma Vasconcelos

 

A nudez das horas

Expõe o corpo do tempo

cavaleiro andante

Surdo mudo  e desnudo

caminha indiferente

ás rebeliões  do espírito

este fantasma cocho

que anseia por um corpo

( como o do tempo)

 

a nudez das horas

expõe uma madona

que se adensa em saias e alfaias

faz ruído, tosse

ensaia passos de bailarina

exibe um riso frouxo

emsombrecendo a face

ensolarada ( dele ) a do tempo

 

este inútil eremita

que goza enquanto arde

que expele enquanto come

que  cambaleia enquanto

renasce

este feiticeiro  que renasce

outra vez nu

e encontra a minha face

nem velha nem menina

minha face tosca

com hora marcada

para não ser

 

para não ter que dizer a ele

( o tempo)

que me deixe, que me esqueça

que o amnhã nao existe

que as horas( aquelas ninfetas)

fugiram todas

em busca dele ( o tempo)

enquanto eu

aguardo na estação antiga


onde o tempo já passou



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